Kirby: Canvas Curse é um jogo do gênero plataforma, produzido pela Nintendo, e lançado para o Nintendo DS no segundo trimetre de 2005. Desta vez, a pequena bola rosa conhecida como Kirby vira, literalmente, uma bola, e você deve ajudar o herói utilizando um pincel mágico que lhe guiará e o ajudará a utilizar seus poderes para acabar com um inimigo que pretende transformar o mundo em uma grande pintura.
Como de praxe, Kirby estava numa boa, quando uma bruxa chamada Drawcia aparece, e mostra ter uma queda por pinturas, tanto que acaba transformando o mundo do herói em pintura viva. Claro que Kirby não ia deixar barato, e foi atrás de Drawcia, mas acabou tendo a infelicidade de ser transformado em uma bola, tornando-se indefeso. A esperança é um pincel mágico que a bruxa deixou para trás, e o jogador deverá utilizá-lo para auxiliar Kirby em sua jornada. Isto é, o próprio jogador também é protagonista da história, sendo uma espécie de "força invisível" que faz uso dos poderes do "bola rosa" no lugar do próprio, visto que ele não os consegue utilizar sem ajuda.
Kirby agora é, literalmente, uma bola. E sabe como é, bolas não conseguem fazer muita coisa, então ele precisa de uma ajudinha sua.
O diferencial deste jogo, para todos os anteriores do Kirby, é seu uso exclusivo da touchscreen do Nintendo DS. Sim, você não precisa de nada mais que aquela caneta para poder jogar. Caneta esta que, por sinal, representa o tal pincel mágico que eu havia mencionado. A premissa é simples, Kirby vai rolando e você vai desenhando trajetos que alterem o percurso dele conforme a sua vontade e necessidade. Tais trajetos são representados por uma espécie de tinta arco-íris vinda do pincel mágico (não é o jogo mais macho do mundo, verdade), que possui limite de uso contínuo, mas sempre volta ao normal desde que você dê uma pequena pausa em sua utilização. Isto faz com que você tenha de pensar em trajetos eficientes, além de ter alto controle e rapidez para desenhar pequenas linhas e curvas que poupem tinta ao mesmo tempo que levem Kirby para o seu destino. Acreditem, é um bom desafio, e o fato de ser realizado com comandos intuitivos facilita muito o trabalho. Isto sem contar as várias vezes que você vai utilizar a tinta para Kirby mudar de direção ou para bloquear algum caminho ou armadilha indesejados.
Kirby aguenta rolar mesmo por trajetos íngremes, mas tenha bom senso e procure desenhar da melhor forma possível, no futuro tal habilidade será cobrada. Na tela superior, uma barra indica a quantidade de tinta restante em uso contínuo.
Mas e aí? Kirby sempre foi o apelão do gênero plataforma, que flutuava, roubava o poder dos adversários e lutava de um modo rápido e eficiente. Agora, ele é saco de pancadas? Não! Desde que você o ajude, é claro. Existem duas formas de ataque. A primeira é quando você cutuca um inimigo com a caneta, deixando-o paralisado por tempo. Deste modo, basta que o herói atinja o infeliz para mandá-lo pra terra dos pés juntos. Se o inimigo tiver algum poder especial, é nesta hora que Kirby o roubará para si. De posse do poder, basta cutucar Kirby para que ele o utilize, e há uma variedade deles. Posso citar o poder de se transformar numa roda e sair destroçando tudo pela frente, o poder de rolar utilizando um "tentáculo laser", de flutuar como um balão, de voar como um míssil, dentre vários que você encontrará. Caso Kirby não possua poder especial, ao cutucá-lo ele rola de uma forma mais intensa e rápida, durante um pequeno período de tempo, imprimindo não só maior velocidade como também um meio adicional de ataque. Vai ter hora pra tudo, algumas vezes você vai paralisar um inimigo mesmo sem intenção de atacá-lo, em outras vai utilizar seu poder para atravessar um percurso difícil, assim como vai ter tempos onde o que importa é sair varrendo os inimigos da tela.
O que é redondo, flamejante e não é um cometa? É o Kirby, utilizando mais um de seus poderes malucos para acabar com malfeitores.
No total, são 7 mundos contendo 3 fases cada, além de um último contendo uma única fase e também o último chefe, a bruxa Drawcia. No final dos seis primeiros mundos, você escolhe enfrentar um de três inimigos clássicos do Kirby: Kracko, Rei DeDeDe e Paint Roller. Você vai enfrentar duas vezes cada um, mas não em embates diretos. As batalhas acontecem em um tipo de minigame, onde cada vilão possui o seu. Todos são divertidos, então não há com o que se preocupar. De resto, você pode coletar medalhas pelas fases, com as quais você compra extras, que incluem novas cores de tinta e resistência extra para o herói. Ao passar de um mundo, você o destrava no modo rainbow run, que envolve percorrê-lo no menor tempo possível ou gastando uma quantia pequena de tinta, tudo isso com o intuito de ganhar mais medalhas.
São 3 fases por mundo, e o jogo salva automaticamente após cada uma delas. O jogo não é moleza, mas também não apela. Domine sua mecânica que você leva o jogo e a diversão.
Resumo técnico:
Gráficos - Não gosto muito de pinturas que fogem da realidade, mas quando feitas com estilo, são lindas. Felizmente, o mundo de pinturas deste jogo é assim, e você verá cenários bem detalhados, fundos com cores vivas, ora suaves, ora fortes. O traço não é daqueles finos e sem substância, os personagens são e se movimentam de maneira rica, e os efeitos especiais são numerosos e gostam de aparecer, mostrando que a ausência de polígonos ainda consegue gerar gráficos bonitos de se ver e de se mexer. Com certeza conseguiu captar bem o estilo de pinturas, tudo isso executado de maneira fluida e sem travadinhas. Conceito: MB.
Som - Difícil termos algo maravilhoso em um jogo assim, mas nada ruim por aqui. Efeitos sonoros agradáveis, realistas onde podem ser, como o som de Kirby quando rola em alta velocidade. Combina com a aventura. A música também é boa, combina, mas faltou aquelas faixas mais memoráveis, algo comum neste gênero de jogo. Um áudio de qualidade artística e física. Conceito: B/MB.
Jogabilidade - Intuitiva, prática e que responde bem. Conseguir projetar o jogo para ser controlado apenas com a caneta gerou um bom conforto e utilização dos recursos do Nintendo DS. É necessário praticar um pouco, até pegar a manha de como guiar o Kirby, mas da feita que isto não é mais problema, você terá uma forma de controle altamente divertida, que combina muito bem com o contexto e não descaracteriza o herói. Conceito: MB.
Em cenas que contam a história, percebemos que a direção artística do jogo é de qualidade, optando por uma representação de pintura um tanto abstrata, mas bonita, viva, colorida e criativa.
Conclusão:
Kirby: Canvas Curse não é perfeito. Antes de tudo, é necessário quebrar o preconceito desta nova forma de se jogar com o personagem, e aturar alguns contratempos, como a necessidade constante de estar corrigindo a rota do Kirby e o "malabarismo" que devemos fazer com o herói, em fases onde não podemos ir nem muito rápido, nem muito devagar, ou que possuem rotas tortuosas, cheias de armadilhas. É um bom desafio, mas contrasta bastante com os primeiros mundos e algumas vezes parece um tanto injusto. Por outro lado, não se vê demais defeitos, e estamos livre para curtir uma produção inovadora, criativa, e que funciona. Temos uma jogabilidade excelente e de fácil domínio, o personagem continua sendo duro na queda e não arrega pros inimigos, a interação personagem-jogador é notável, o jogo é divertido e viciante, prático e não pune o jogador além da dificuldade de uma dada fase, e até mesmo a batalha final contra Drawcia é desafiadora e empolgante. De todos os personagens Nintendo que tomaram um rumo distinto para priorizar a inovação, Kirby foi um caso raro que não falhou, pelo contrário, conseguiu estrelar um dos melhores títulos da série, do gênero e do console. Conceito final: MB.
Crédito das imagens:
Testfreaks (Capa) - http://www.testfreaks.com/
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